Tutuala
Preocupámo-nos demasiado. Afinal, bastava o mar, a areia e o céu, bastava ar limpo, a graça de saber respirar e a proteção da ilha de Jaco. Bastava palavras impolutas, guardadas desde o início do tempo, à espera de serem pronunciadas exatamente agora ou, talvez, caladas agora de novo, indistintas do silêncio, feitas de silêncio.
Partilhamos a paz dos peixes e das nuvens. Suspensa na água e no céu, suspensa na manhã, existe uma única paz, atravessa aquilo que nos toca e atravessa-nos, somos indivisíveis da paisagem. Por isso, as crianças brincam sobre a nossa pele, riem-se sobre os nossos ouvidos, são crianças em nós.
Texto e foto de José Luís Peixoto
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