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José Luís Peixoto

TRUBSCHACHEN, SUÍÇA

Montanhas na paisagem



Chegámos de comboio. Vínhamos de Berna que, não sendo a maior cidade do país, é a capital. Ao longo do caminho, pensei que talvez os suíços tenham escolhido Berna como capital justamente por não ser demasiado urbana, por estar de acordo com a harmonia e com a espantosa natureza que preenche as paisagens da Suíça. O verão em que chegámos a Trubschachen era uma espécie de primavera. A cor mais presente era o verde, com flores em toda a parte.


Na Suíça, as comunas são a unidade administrativa mais pequena, há cerca de duas mil. Na comuna de Trubschachen, encontrámos casas de muitas janelas, com telhados inclinados, muita madeira, casas rodeadas por jardins, onde descobrimos uma vida muito tranquila nos dias de descanso. A passagem do comboio lá em baixo não chegava para perturbar esse silêncio. Pelo contrário, fazia parte dele. A imagem dos comboios, limpos, novos, encaixava exatamente na concordância e na proporção desse cenário que, à distância, lembrava modelos de comboios, com as suas casinhas e árvores perfeitas.


Numa ponta da povoação, integrada em tudo isto, a fornecer postos de trabalho para muitos dos habitantes daquelas casas, que viam o mundo a partir daquelas janelas, estava a fábrica dos biscoitos Kambly, uma instituição tradicional da Suíça. Tivemos conhecimento do espaço aberto ao público, onde se pode provar todos os tipos de biscoitos que confecionam. Fomos lá e, quando demos por nós, estávamos todos de avental a fazer os nossos próprios biscoitos com chocolate, como se fôssemos uma família suíça, como se vivêssemos nas encostas daquelas montanhas e conseguíssemos pronunciar Trubschachen com toda a facilidade.



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