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José Luís Peixoto

HOTEL HARNAŚ, BUKOWINA TATRZANSKA, POLÓNIA

Atualizado: 12 de out. de 2021


SOSSEGO




É impossível contabilizar todos os hotéis onde já estive. A capacidade da minha memória não chega nem para um décimo de todos os quartos onde já dormi. Nos registos do check in, quando a pessoa que está ao balcão me pergunta se já fiquei hospedado no hotel, é muito comum não lhe saber responder.


Com toda essa experiência, esta foi a primeira vez que estive num hotel só para adultos, que não permite a hospedagem de crianças. “Adults only” está escrito na maioria das menções que são feitas ao hotel. Antes de chegar, suspeitava dessa insistência. O que teriam contra as crianças?


Quando entrei, quando me dirigi ao meu quarto, durante o jantar, durante a noite, no pequeno-almoço da manhã seguinte, suspeitei do que se tratava. Às vezes, os adultos precisam de um intervalo, um momento sem crianças. Neste Hotel Harnas, há uma sobriedade que, provavelmente, não seria possível de outra forma.


Na Polónia, este nome foi uma lenda dos anos setenta, sinónimo de um requinte que, nesse período e nesse regime, era muito difícil de encontrar. Muitos polacos fixaram a sua fama desde então. Há alguns anos, foi renovado à altura da fantasia coletiva que o seu nome representa. E, de facto, creio que não seria fácil desfrutar da solenidade das suas varandas, as florestas do Parque Nacional de Tatras como paisagem, com crianças e as suas naturais exigências. Da mesma forma, as refeições do restaurante Widok, para maiores de 15 anos, no rés-do-chão, requerem uma aprendizagem para que se desfrute delas, são um prazer culturalmente adquirido.


Por fim, creio ter entendido as razões que levam este hotel a não admitir crianças. Chegará um tempo, já daqui a pouco, em que essas crianças serão adultas. Não perdem pela demora. Então, poderão ficar hospedadas neste hotel e acredito que também elas vão entender.






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